Apesar de os casos de assédio – moral ou sexual – serem bastante discutidos pela mídia e pela sociedade, nos últimos anos, infelizmente ainda são uma realidade bastante presente no ambiente de trabalho, seja ele qual for. Esse tipo de comportamento nocivo pode ser devastador para a vítima, mas pode também trazer sérios problemas para a gestão da empresa. Por isso, combater o assédio no trabalho é dever de todos.
Confira a seguir como identificar, prevenir e denunciar assédio moral ou sexual.
Assédio sexual não é brincadeira
Não é incomum que piadinhas de duplo sentido e cantadas de chefes e colegas sejam consideradas apenas brincadeira. E que, além disso, as vítimas de assédio sexual – em sua maioria mulheres – sejam consideradas implicantes, chatas, “frescas” quando manifestam descontentamento com a situação. Mas a verdade é que assédio sexual não é apenas inconveniente, como também é crime.
A denúncia desse tipo de prática ganhou muita notoriedade em 2017, quando diversas atrizes, ativistas, empresárias e trabalhadoras do universo artístico passaram a divulgar o assédio que haviam sofrido ao longo de suas carreiras. Um movimento que ficou conhecido como Me Too. A partir disso, mulheres de todo o mundo, das mais diversas áreas, compartilharam relatos dos assédios que haviam sofrido ao longo de suas vidas profissionais. Ainda assim, isso continua sendo recorrente no dia a dia das empresas.
Algumas práticas que podem configurar assédio são:
- Toques, beijos e contato físico não correspondidos;
- Insinuações de favores sexuais;
- Gestos, mensagens, comentários sexuais;
- Encurralar a pessoa, de modo que ela não consiga se retirar;
- Agressão sexual ou estupro.
Por mais que o agressor insinue o contrário, é importante que a vítima tenha em mente que não tem qualquer culpa e que o assédio não foi motivado por um comportamento. Para evitar que aconteça, siga as seguintes orientações:
- Evite permanecer sozinha (o) no mesmo ambiente do assediador;
- Reúna quaisquer provas do assédio: mensagens, presentes, recados em redes sociais, etc;
- Tome nota de todas as abordagens feitas pelo assediador, incluindo data, local, se houve testemunha ou não, conteúdo da conversa, etc.
- Acione o departamento de RH, Compliance, Ouvidoria, enfim, qualquer setor da empresa que possa ajudá-la (o) a resolver esse conflito.
Hierarquia não é desculpa para assédio moral
Muitas vezes, uma pessoa que ocupa um cargo de gestão confunde respeito à hierarquia com abuso de poder e adota uma conduta nociva. Isso gera um clima de apreensão no ambiente de trabalho, além de danos morais e psicológicos às vítimas.
Alguns comportamentos que caracterizam o assédio moral são:
- Crítica públicas ao (s) colaborador (es), beirando a humilhação;
- Dar apelidos ou fazer piadas que zombem da vítima;
- Ignorar a pessoa (não a cumprimentar nem se dirigir a ela ou pedir que outras pessoas deem recado a ela por exemplo);
- Deliberadamente isolar a(s) vítima(s), deixando de passar trabalho, não convocando para reuniões, etc;
- Passar tarefas muito abaixo da qualificação do funcionário ou ao contrário, muito acima, em prazos irreais.
Como se pode observar, o intuito do assédio moral é abalar a vítima psicologicamente. Assim como nos casos de assédio sexual, recomenda-se que a vítima anote com detalhes cada abuso, recolha provas, se possível, e reporte o abuso aos setores responsáveis pela averiguação de conduta dentro da empresa (RH, Compliance, Ouvidoria). Ou, ainda, ao sindicato ou Superintendência Regional do Trabalho.
O papel da empresa nos casos de assédio no trabalho
Os casos de assédio afetam profundamente as vítimas, mas podem também causar grandes prejuízos à empresa. Seja por meio do ambiente hostil que se cria, pelos pedidos de demissão frequentes ou mesmo, legalmente, por conta de prováveis processos trabalhistas.
Por isso, é importante que a empresa tenha políticas bastante claras de repúdio ao assédio no trabalho, de qualquer tipo, estabelecendo condutas, prevendo punições e garantindo a averiguação de cada caso. Em muitas situações, uma investigação pode ajudar a empresa a eliminar os casos de assédio e retomar o clima saudável dentro do ambiente de trabalho. Não somente para as vítimas, mas para todos que convivem dentro da organização.
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