Um bom investigador deve saber escutar além do que foi dito e ser fluente em linguagem corporal: fazer a leitura de gestos, pausas, expressões e impostação da voz. Isso pode ser decisivo em uma investigação. Mas saber interpretar gestos que denotam mentira nem sempre é suficiente, também é necessário saber diferenciá-los de outras emoções – como ansiedade e nervosismo – captar em que contexto estão inseridos e, às vezes, até conhecer melhor a cultura do investigado. A seguir, conheça um pouco mais sobre a linguagem corporal da mentira e saiba como os investigadores fazem para desmascarar um mentiroso.
As micro expressões universais
Você sabia que Charles Darwin, considerado o pai da Teoria Evolução, chegou a estudar os sentimentos que podemos manifestar por meio das expressões faciais? Em sua obra “The Expressions of the Emotions in Man and Animals”, de 1872, o naturalista britânico aponta que sentimentos como raiva e felicidade, por exemplo, manifestam-se da mesma maneira em pessoas de diferentes raças e culturas. Daquela época para cá, esse campo de estudos evoluiu muito. Alguns psicólogos defendem que expressões faciais revelam mais nossas intenções do que nossos sentimentos. Elas funcionariam como placas de trânsito, orientando o interlocutor sobre o rumo da conversa. No entanto, o psicólogo Paul Ekman, considerado pioneiro no estudo das emoções e expressões, identificou sete micro expressões que seriam universais e inconscientes, independentemente da cultura da pessoa. São elas:
- Alegria: bochechas levantadas; olhos levemente tensionados e pequenas rugas ao redor dos olhos;
- Surpresa: sobrancelhas levantadas, olhos abertos e boca semiaberta;
- Medo: sobrancelhas esticadas; pálpebras elevadas; lábios tensos, esticados ou entreabertos;
- Tristeza: pálpebras e ângulos inferiores dos olhos para baixo; lábios contraídos para baixo.
- Desprezo: um canto da boca levantado;
- Raiva: sobrancelhas franzidas para baixo; olhar fixo; lábios apertados;
- Nojo: rugas na testa e ao redor do nariz e do lábio superior; elevação das bochechas.
Paul Elkman, aliás, inspirou o protagonista da série “Lie to Me” – um especialista em detecção de mentiras – e foi consultor da animação “Divertida mente”, que fala sobre as emoções de uma menina, na transição para a adolescência. Interessante, não?
Sinais corporais da mentira
Alguns sinais clássicos e sutis podem denunciar que a pessoa está mentindo. Confira alguns deles:
Encolher um dos ombros
De acordo com Paul Ekman, é um dos sinais mais clássicos do mentiroso. Os ombros ficam em assimetria, um mais baixo do que o outro.
Contato visual
Antigamente, acreditava-se que o mentiroso evitava o famoso “olho no olho”. De fato, existe a tendência de desviar o olhar para cima ou para o lado. Mas estudos recentes mostram que uma pessoa que esteja mentindo pode fazer justamente o contrário e manter contato visual em excesso, para tentar parecer confiante e camuflar a mentira.
Retração dos movimentos corporais
A pessoa que está mentindo costuma restringir os gestos e retrair algumas partes do corpo: as mãos ficam fechadas ou se escondem nos bolsos, o pescoço se encolhe, as pernas se aproximam ou se cruzam, etc. O mentiroso tende a ficar em uma postura mais rígida, com medo de que os gestos o denunciem.
Modo de falar
A fala é um dos maiores “dedos-duros” de quem não está falando a verdade. As cordas vocais se enrijecem, então o tom de voz pode ficar instável e alternar entre alto e baixo. Além disso, é comum que a pessoa que esteja mentindo demore um pouco mais a responder e recorra a alguns macetes para ganhar tempo na formulação da resposta. Pode até repetir a pergunta do interlocutor ou desviar do assunto.
Vale lembrar que essa análise do comportamento deve ser feita com cuidado, preferencialmente por um especialista, já que alguns gestos de ansiedade, timidez ou nervosismo podem ser confundidos com a linguagem corporal da mentira.
E você, sabe dizer quando uma pessoa está mentindo? Como costuma notar os sinais da mentira? Conte para a gente nos comentários!
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